quinta-feira, 26 de agosto de 2010

MARGARET MEE E SEU AMOR PELA AMAZÔNIA

 

 

A inglesa Margaret Mee traduziu em pinturas

o seu deslumbramento pela flora brasileira.

Em 1956, fez a primeira viagem à floresta amazônica,

algo que lhe marcaria a vida.

Foi o despertar de uma paixão

que a levaria a realizar quinze expedições à área,

entre 1956 e 1988.

Muitas das viagens foram feitas num pequeno barco,

acompanhada apenas por guias da região,

ocasionalmente por um ou dois amigos.

 

 


 

Nada podia impossibilitar Margaret

de registar o que observava.

As pinturas eram sempre feitas no campo,

em contato direto com a natureza.

 

 

Algumas das regiões visitadas foram o rio Negro,

rio Vaupés e rio Amazonas.

Durante essas viagens, desenhou,  pintou

e coletou muitas espécies de plantas

tal como existem no seu habitat natural.

Descobriu novas espécies,

tendo sido atribuído o seu nome a algumas delas,

como homenagem.

Nessas viagens à Amazônia, sozinha,

vivendo com os índios na floresta,

enfrentou inúmeras dificuldades:

enxames de insetos, contato com anacondas gigantes,

ataques de morcegos, cansaço,

surtos de malária e hepatite, cheias e até fome.

 

Estas são imagens de algumas das pinturas

de Margaret Mee.

 

Além do livro Orquídeas Brasileiras, de 1975,

Margaret publicou ainda mais dois livros internacionais

com as suas pinturas:

Flores da Amazônia, em 1980,

e Em busca de Flores na Floresta Amazônica,em 1988.

Este último livro, possuía  suas aquarelas,

parte do seu diário e dos seus cadernos.

Foi uma das primeiras pessoas a falar

na devastação da floresta Amazônica.

Sobreviveu a todos os perigos da selva

e acabou por morrer num acidente de carro

na Inglaterra, em Novembro de 1988.

Margaret Mee era uma das poucas pessoas que,

apesar da sua idade avançada,

ainda tinha muitos sonhos por realizar.

Através das suas pinturas,

deu-nos acesso a um guia vasto e completo

de espécies raras, muitas atualmente extintas.

Capa: Anavilhana, Rio Negro, Amazonas, 1988.

Aquarela sobre papel, 66 x 48 cm.
Coleção particular, Rio de Janeiro.

Foto: Jaime Acioli

 

 

 

 


Fotos: Jaime Acioli

Acervo Academia Brasileira de Ciências 


 

     

     

        

       

        

Brasil 1988

 

terça-feira, 24 de agosto de 2010

CÁLCULO DA EXPRESSÃO _ MUSEU LASAR SEGALL

 

Graças à INTERNET

podemos ter uma idéia da exposição

CÁLCULO DA EXPRESSÃO

que acabou de ser apresentada

no MUSEU LASAR  SEGALL,

oportunidade rara

de encontrar reunidas,

em um só lugar, 

as obras gráficas

de três ícones

da arte moderna brasileira:

Oswaldo Goeldi,

Lasar Segall e Iberê Camargo.

 

A reunião dos três gravadores expressionistas

justificou a criação desse projeto.

 

 

 Foto: Reprodução do quadro

Ventania, de Oswaldo Goeldi

Não é a primeira vez que Goeldi é colocado

lado a lado com Segall,

a vida inteira atraído

pela temática da imigração

e pela “negritude”, hoje denominada

de afro-brasilidade.

A inclusão de Iberê Camargo

foi a maior contribuição dessa mostra,

uma vez que Iberê chegou a confessar

“dilacerei-me para escapar

das influências poderosas

de Portinari, Segall e Utrillo”.

Discípulo de Guignard,

amigo de Goeldi

e profundo admirador de sua obra,

o cotejo com Segall e Goeldi possibilita

uma melhor interpretação

do expressionismo no Brasil.

Segundo define Vera Beatriz Siqueira,

que assinou a curadoria da exibição,

“a mostra é um convite ao diálogo

e à confrontação da produção

destes três grandes nomes,

donos de visões muito particulares

sobre o fazer artístico”.

Os três estão reunidos

sob o rótulo de expressionistas,

não como vertente artística,

mas pela busca obstinada da arte

como expressão máxima,

como suporte para a experiência pessoal.

"Artistas modernos e contemporâneos,

como Goeldi, Iberê e Segall,

buscavam construir meios plásticos

para a expressão,

na tentativa de se repor

como artista em cada gesto", afirma.

Desta busca, explica Vera,

surge o título da exposição.

“Há um hiato entre a intenção

do artista, a realização da obra

e a percepção do público.

Transpor esse espaço

exige um elaborado cálculo

em busca da expressividade.

A idéia da mostra foi apresentar

as gravuras dos três artistas

como um processo estruturado

para reproduzir o potencial visual

que eles almejavam.

A economia de meios de Goeldi,

a formalização erudita de Segall,

a concentração e intensidade formal

de Iberê Camargo

seriam esses cálculos de expressão”, completa.

“Vale destacar as séries Pescadores de Goeldi,

os Emigrantes de Segall

e os Ciclistas de Iberê Camargo,

que são imperdíveis,

pois exemplificam bem o tema proposto na mostra:

a busca por expressão e afirmação do eu”,

avisa a curadora.

“Reunir as obras destes três nomes

deve permitir a reflexão

sobre as semelhanças

e distinções entre os universos temáticos,

as dimensões técnicas

e os cálculos estéticos de cada artista,

além de propiciar interpretações renovadas

para essa vertente expressiva

da arte brasileira”, completa.

Os artistas estarão lado a lado,

propondo um diálogo direto entre as produções

e as influências dos contemporâneos Goeldi e Segall

sobre a obra gráfica de Iberê Camargo.

“O encontro destes três grandes mestres

da arte brasileira, todos exímios gravadores,

representa uma rara oportunidade

para conhecer mais detalhadamente

sua obra gráfica, e investigar

de que maneira Goeldi e Segall influenciaram

Iberê Camargo

e como Iberê Camargo trabalhou

e incorporou esses elementos

em sua própria produção”,

resume  Fábio Coutinho.

Oswaldo Goeldi  Jardim no Rio, c. 1930
Xilogravura sobre papel 
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro

Lasar Segall  Vista do ateliê, 1914
Litografia sobre papel
Museu Lasar Segall, São Paulo

Iberê Camargo  Cosme Velho,1942,
Ponta-seca sobre papel

Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre

Lasar Segall   Morro, 1926
Ponta-seca sobre papel
Museu Lasar Segall, São Paulo

Iberê Camargo  c. 1943

Paisagem urbana com trilho de bonde,
Buril e ponta-seca sobre papel
Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre

Oswaldo Goeldi  Conversa de esquina, c. 1930
Xilogravura sobre papel 
  Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro

Oswaldo Goeldi O ladrão, c.1955
Xilogravura sobre papel


Lasar Segall

Emigrante debruçado na amurada, 1929
Xilogravura sobre papel
Museu Lasar Segall, São Paulo

Oswaldo Goeldi  Pescadores, c. 1955
Xilogravura sobre papel
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro

Lasar Segall  Emigrantes, 1929
Ponta-seca sobre papel
Museu Lasar Segall, São Paulo

Iberê Camargo Um carretel, 1960
Água-forte e água-tinta sobre papel
Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre

Iberê Camargo  Ciclista 3, 1991
Água-tinta sobre papel

Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre